Crime Virtual

Inquérito aberto pelo 3º Distrito Policial de João Pessoa, na Paraíba, investiga ameaças de um garoto feitas pelo Orkut a alunos de uma escola particular da cidade. Em perfil pessoal e numa comunidade, ele diz sofrer bullying de colegas (violência física e psicológica repetida) e promete se vingar com "armas automáticas e semi-automáticas". Na foto principal das páginas, já retiradas pelo próprio jovem, o garoto do ensino médio aparece com o uniforme do colégio, um capuz sobre o rosto e uma metralhadora. Ele afirma que o bullying "tomou conta da instituição" e que, se o colégio não aplicar o "projeto" que havia enviado por e-mail, teria de "recorrer à violência sob qualquer circunstância". Segundo o secretário-executivo da Secretaria de Segurança e Defesa Social da Paraíba, Airton de Sá Ferraz, as armas eram de brinquedo e haviam sido compradas pela internet. "Acredito que isso tenha sido mais um transtorno do adolescente do que a intenção de praticar um crime", disse ao estadao.com.br. "Ele não oferece mais perigo." Mesmo assim, a Polícia Civil vai encaminhar o inquérito já concluído para o Juizado da Infância e Adolescência, que pode decidir por punir o jovem. A vice-diretora do colégio, Sônia Maria Figueiredo dos Santos Lima, passou a manhã desta quinta-feira, 27, de sala em sala conversando com os alunos sobre bullying. O colégio instalou detector de metais nas portarias para impedir que alunos entrassem na escola com armas. Sônia diz que as ameaças do jovem começaram no final de junho, com cartas anônimas. O colégio passou então a receber ligações telefônicas com voz metalizada e, por fim, e-mails anônimos. Um dos itens do "projeto" do adolescente era obter a lista de nomes de todos os alunos matriculados. Não se sabe com que finalidade. Matriculado há pouco tempo no colégio, ele saiu de outra escola paraibana em que estudara por 12 anos para evitar ser chamado por determinado apelido, não divulgado. O jovem não foi à escola desde que a polícia entrou no caso, no último sábado. Um trabalho de conscientização foi iniciado pela direção. "Temos de protegê-lo", afirma a vice-diretora.

Massacre nos EUA

O caso é semelhante ao do sul-coreano Cho Seung-Hui, o atirador da universidade Virginia Tech que matou 32 pessoas na pior chacina em uma instituição de ensino na história dos Estados Unidos, em abril. Ele se suicidou após o ataque. Ex-colegas de Cho dizem que ele era atormentado por alunos que caçoavam de sua timidez e de seu modo estranho de falar (com um sotaque de seu idioma original). Antes de dar os primeiros dos 170 tiros, em ataque que durou nove minutos, o estudante enviou um comunicado em vídeo e imagens segurando armas à rede de televisão NBC, dos EUA. "Vocês me encurralaram num canto e me deram apenas uma opção. A decisão foi de vocês. Agora vocês tem meu sangue em suas mãos, que nunca será limpo", diz o sul-coreano no clipe. Segundo psicólogos, o tormento causado pelo bullying pode causar a necessidade de chamar atenção e se vingar das chamadas vítimas agressoras.

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