Tropa de Elite

Grupo de direitos humanos aciona o MP contra Tropa de Elite:
Motivo da ação seriam as cenas de tortura presentes no filme do diretor José Padilha.
Depois de muita polêmica, o filme Tropa de Elite desencadeou no Rio mais uma controvérsia. A presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, encaminhou uma discussão na entidade de defesa dos direitos humanos sobre a possibilidade de acionar o Ministério Público contra as cenas de tortura no filme do diretor José Padilha. O capitão reformado do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio, Rodrigo Pimentel, um dos roteiristas do longa e co-autor do livro que o inspirou, reagiu, acusando tentativa de censura. Lei também:
"Não acredito que o Tortura Nunca Mais, em função de sua história, vá acompanhar a Cecília. Todos os regimes que promoveram a tortura também legitimaram a censura. Não conversei com ela, mas acho que é uma opinião isolada", disse Pimentel nesta segunda-feira. "Existe uma preocupação excessiva de rotular o filme. Ele não é de esquerda nem de direita. É uma obra de arte, entretenimento. Obra de arte não se rotula. O filme não tem ideologia." Cecília nega que tenha qualquer pretensão de tirar de cartaz Tropa de Elite, visto por milhares de pessoas antes mesmo do lançamento nos cinemas com a enxurrada de DVDs piratas que iniciou a série de polêmicas em torno dele. Ela explicou que a preocupação sobre os efeitos das cenas de tortura praticada pela tropa do Capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura, surgiu em um ciclo de debates a partir de filmes sobre violência promovido na sede do grupo. "Havia um jornalista na reunião e ele perguntou se não havia algo a fazer. Resolvemos consultar advogados sobre a possibilidade de consultar o Ministério Público. Mas não queremos tirar o filme de cartaz. Não sou a favor de qualquer tipo de censura", disse Cecília. "Censurar é a última coisa que queremos. Defendemos acima de tudo o direito à expressão, mesmo quando discordam do que pensamos", afirmou. Tropa de Elite não é o primeiro filme criticado por reproduzir cenas de tortura. Na década de 80, Pra Frente Brasil chocou ao mostrar a tortura de um personagem confundido com um militante político durante a ditadura. No início deste ano, Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, também foi criticado pelo realismo das cenas de tortura dos frades dominicanos presos no regime militar pelo temido delegado Fleury. Cecília diz que os filmes que retrataram os crimes do regime militar, origem do Tortura Nunca Mais, falam do passado e não influenciam o presente como é o caso de Tropa de Elite. Ela se diz preocupada com a reação de jovens, como os que se apresentam em vídeos na internet reproduzindo os métodos do Capitão Nascimento. "A tortura é uma coisa vil. Não discuto a intenção do diretor, mas os efeitos que o filme está produzindo em cima de uma realidade violenta que está aí. O Capitão Nascimento está se tornando um herói para a maioria das pessoas. O filme ajuda a consolidar essa idéia de que não tem outra saída, a solução são os homens de preto. Isso é muito perigoso". Para Pimentel, há uma "patrulha ideológica" contra Tropa de Elite pelo fato de o filme ter a polícia como protagonista. "Se as cenas de tortura estimulassem tortura, Paixão de Cristo não poderia ser visto. Quando a esquerda é a vítima, a tortura pode. É uma injustiça dizer que o Tropa é de direita. O filme denuncia a tortura num debate sobre segurança pública onde ela existe". O diretor Helvécio Ratton ressalta que as críticas às cenas de Batismo de Sangue vieram dos críticos de cinema, mas vê na tortura exibida por Tropa um ponto em comum: o instrumento para obter informações. Ele lembra que o delegado Fleury era um policial civil, retratado em seu filme sem deixar dúvidas de que era o vilão. Ratton vê muitas qualidades em Tropa, mas não teria filmado o Capitão Nascimento como fez o diretor José Padilha. "O Capitão Nascimento não é diferente do Fleury. O que me assusta é uma parcela dos espectadores aplaudirem os métodos usados pelo Bope. Se suscita esse tipo de reação, algo está confuso nesse filme. Eu teria me distanciado mais do Capitão Nascimento. Tenho a impressão de que ele também dominou o filme", analisa Ratton, que é contra qualquer iniciativa de censura. "O filme tem um papel muito importante de colocar uma discussão sobre segurança pública. Qualquer iniciativa de censura é um absurdo".
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Um comentário:

  1. Adorei o seu blog tb tenho um que fala sobre mídia e a sua influência no cotidiano das pessoas se possivél passa lá para visitar e deixa um comentário o endereço é marilenevieira.blogspot.com

    obrigada.

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