Reflexão Sobre a Violência na TV

ÍDOLOS VIOLENTOS

Por: Jorge Schemes*

O Times Mirror Center for People and the Press, fez uma pesquisa com 1.516 espectadores de TV dos Estados Unidos e revelou que os jovens americanos são a favor da violência na TV, dos entrevistados, 74% dos espectadores abaixo de 30 anos assistem a programas violentos. A violência na TV tem exercido o seu fascínio sobre os jovens.

Uma outra pesquisa feita pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) realizada em 23 países sobre os efeitos da violência da mídia no comportamento infantil, apontou os personagens violentos como modelo das crianças, ou seja: as aclamadas “estrelas” de filmes de ação são considerados seus heróis.

O professor e psicólogo Jo Groebel, da Universidade de Ultrecht na Holanda, foi o responsável pela coordenação da pesquisa. Segundo ele, a despeito da cultura, religião ou acesso à tecnologia, 88% das crianças conhecem o exterminador do futuro - personagem do ator americano Arnold Schwarzenegger, o qual se transformou numa espécie de ícone global da violência.

Groebel entrevistou 5 mil crianças na fase da pré-adololescência ao redor do mundo. Das cinco mil crianças de 12 anos, entrevistadas em 23 países, entre eles o Brasil, 26% apontaram como seu maior modelo de comportamento os heróis de filmes de ação. A porcentagem aumenta entre os meninos: 30% têm tais personagens como modelo.

O estudo mostra que 51% das crianças que vivem em áreas violentas gostariam de ser como Schwarzenegger na pele do exterminador. Os heróis de filmes de ação ficam bem à frente, na preferência, que pop stars e músicos (18,5%), líderes religiosos (8%) ou políticos (3%), entre outros, como revelam as estatísticas abaixo:

Os Ídolos Infantis

(porcentagem dos entrevistados)

Heróis de filmes de ação - 26%

Pop stars e músicos - 18,5%

Líder religioso - 8%

Líder militar - 7%

Filósofo ou cientista - 6%

Jornalista - 5%

Político - 3%

Obs: os demais 26,5% apontaram pessoas de suas relações pessoais ou que desempenham outras funções na sociedade. (Fonte: UNESCO)

A pesquisa ainda revelou que, nas áreas violentas, 7,5% das crianças admitem ter usado armas contra outras pessoas. “Fica claro que as crianças usam os heróis como modelos principalmente para lidar com situações difíceis e sobreviver a elas”, afirma o professor Jo Groebel, psicólogo responsável pela coordenação da pesquisa.

O relatório da UNESCO conclui que o maior meio de acesso à violência na mídia é a televisão. Das crianças entrevistadas, 93% assistem a, pelo menos, um canal de TV. Em média, passam três horas por dia na frente de um televisor. Esse tempo de exposição aumenta no Brasil, onde elas passam quatro horas assistindo à TV. O Doutor Groebel chegou a conclusão de que a TV domina a vida das crianças em todo o mundo. Ele afirma ainda que elas dedicam 50% a mais de seu tempo à TV do que a qualquer outra atividade. Segundo o psicólogo, o impacto é ainda maior se for levado em conta que a maioria das emissoras apresenta programas de “entretenimento”, e não educativos.

“O estudo da Unesco não tem por objetivo responsabilizar a mídia pelo aumento da violência, que faz parte do sistema”, afirmou Groebel numa entrevista em O Estado de São. Paulo. “Mas a mídia propaga a idéia de que a violência compensa”. Groebel acredita que, com a popularização da Internet e dos videogames, esse quadro pode piorar. “Na Internet, as crianças têm acesso a todo tipo de pornografia”, diz. “E, nos games, tornam-se sujeitos da ação, em muitos casos ganhando pontos ao mutilar ou torturar o adversário”.

Groebel sugere, como solução, que as crianças tenham orientação para saber discernir melhor a ficção da realidade. É necessária a criação de um código de conduta. “Os pais têm papel fundamental no processo”, afirma o psicólogo. (O Estado de S. Paulo, quinta feira, 28 de maio de 1988, pág. A-19)

Falando de maneira objetiva, o que realmente acontece quando a criança vê cenas de violência ou sexo na TV? Essa pergunta foi feita para um grupo de psicólogos e pedagogos, num estudo realizado sobre a qualidade dos programas infantis. A resposta não tão conclusiva quanto o estudo da Unesco, mas deixa margens para dúvidas, no mínimo, preocupantes. Sobre o fato de a criança assistir cenas de violência e sexo na TV, “não se chegou a um veredicto”, revela o estudo. “O que se sabe é que a criança funciona como um computador cuja memória está vazia. Ela armazena todo tipo de informação que recebe, e ninguém quer que um menino de cinco anos tenha na memória cenas de violência”. (Veja, Edição Especial. 13 de maio de 1998, p. 89)

Além do mais, as evidências apontam na direção contrária, revelando que as crianças e adolescentes não só reterão tal conteúdo na memória como serão atingidos de maneira negativa por esse conteúdo. Não se pode negar de que a violência apresentada na TV tem contribuído para o cumprimento da profecia feita pelo Senhor Jesus quando disse: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará”.(Mateus 24:12)

Na opinião do Jornalista Nilson Lage, “o que acontece é que num quadro como o atual, de globalização, as pessoas perdem as referências. O que era um herói? Era o sujeito que se sacrificava por uma causa comum. Isso deixou de existir, mas a necessidade de heróis continua. Então começaram a eleger heróis como Ayrton Senna, que na realidade é uma marca comercial, em torno da qual se agrupam enormes interesses econômicos. Assim se fabricam heróis”.(Jornal A Notícia, Anexo – 28 de setembro de 1998, p. C-9)

Diante desse imenso bombardeio de falsos heróis, se faz necessário estabelecer diante das crianças, quem são, de fato, os verdadeiros heróis. Tanto a história secular como a história da igreja nos apresenta muitos, mas é na Palavra de Deus onde você encontrará modelos dignos de serem copiados. Porque os heróis do cristão não são forjados por trás dos bastidores. Não se acham a serviço de interesses escusos. Não se identificam com uma escala invertida e irreal de valores. Os heróis do cristão são autênticos, porque se identificam com aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente. E todos aqueles que imitam o caráter do supremo modelo (Cristo Jesus), são dignos de imitação. Por isso Paulo afirmou: “sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. (I Coríntios 11:1)

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